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2012 - Livro Vermelho 2013

Acanthosyris paulo-alvinii G.M. Barroso VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 13-08-2012

Criterio: D2

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie é endêmica do Estado da Bahia e está sujeita a menos de cinco situações de ameaça. As principais são a transformação do hábitat para sistemas de cabruca e o declínio da qualidade do hábitat da espécie. Caso não sejam controladas, por apresentar frequência baixa, A. paulo-alvinii poderá ser elevada a uma categoria de maior risco em futuro próximo.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Acanthosyris paulo-alvinii G.M. Barroso;

Família: Santalaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Anais 19 Congr. Soc. Bot. Brasil : 108. 1968. Nome popular: "mata-cacau" (Sambuichi, 2003).

Dados populacionais

Em estudo em área de cabruca na região sul Baiana, foi amostrado apenas um indivíduo em uma área de 3 ha (Sambuichi, 2003).

Distribuição

Ocorre no Estado da Bahia (Caires; Dettke, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por árvores de grande porte (Sambuichi, 2003).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade high
Detalhes A Mata Atlântica Sul Baiana encontra-se extremamentereduzida, fragmentada e descaracterizada. Dados de 1995 mostraram que apenas7,6% da cobertura original de Floresta Atlântica permanecia como áreaflorestada. Atualmente, essa área remanescente deve ser ainda menor, poisapesar da proibição ao corte pelo Decreto 750/93, em muitas regiões odesmatamento clandestino continua. O sul da Bahia permaneceu comouma das regiões mais florestadas da Mata Atlântica até o início da década de1970, quando começou a sofrer um intenso processo de desmatamento. Estima-seque cerca de um bilhão de árvores foram derrubadas nessa região entre os anosde 1985 e 1990. Segundo imagens de satélite feitas entre os anos de 1985 e 1998 para o Município deUna e adjacências, encontrou taxas de desmatamento de até 15,87% ao ano,valores muito maiores do que as taxas médias de desmatamento da Mata Atlânticaestimadas para outros Estados brasileiros. As estimativas deporcentagem de área de floresta remanescente na região variam entre 1% e 12%.Essa variação se deve a diferenças nos métodos utilizados, nas escalas de tempoe espaço das análises e no grau de precisão das estimativas em destinguir as áreascom diferentes formas de uso da terra. Muitas das estimativas de área florestada incluem alémde florestas conservadas, áreas de florestas degradadas, capoeiras altas, plantaçõesde cacau e todo tipo de vegetação que se assemelhe a uma floresta. As poucas áreasde floresta nativa que ainda restam encontram-se também altamente fragmentadas.A lavoura do cacau firmou-se como principal atividade econômica na região desdeo século XIX e foi tradicionalmente implantada sob a floresta nativa em sistemaconhecido regionalmente como cabruca. Estima-se que aproximadamente 6.800 km²de florestas na região tenham sido transformadas em plantações de cacau, dosquais cerca de 70% ainda seriam de cabrucas (Sambuichi, 2003).

1.3.3.2 Selective logging
Severidade high
Detalhes Provavelmente por ser uma espécie seletiva de solos férteis, sua ocorrência encontra-se hoje confinada às cabrucas, pois as florestas que existiam sobre esses solos já foram quase todos transformados em áreas de cultivo. Os registros que relatam que A. paulo-alvinii era comum em alguns municípios há mais de 30 anos, e a falta de coletas mais recentes, indicam que a espécie tenha sofrido uma drástica redução populacional. A extensão de ocorrência atual da espécie, calculada com base nas coletas recentes, foi de apenas 6,2 km². É muito provável que a maioria dos indivíduos observados e coletados quando a espécie foi reportada já tenham sido eliminados por ser considerada prejudicial ao cultivo, sendo seletivamente cortada das plantações. Isso indica uma ameaça de extinção iminente. Estudos nos apontam que devido ao manejo aplicado nas plantações, as espécies de árvores nativas de florestas primárias não têm sido capazes de recrutar novos indivíduos nas cabrucas, especialmente se suas plântulas não são de interesse dos agricultores. Por isso, mesmo que alguns indivíduos adultos remanescentes resistam ao corte seletivo, não poderão se reproduzir e a população não será capaz de se manter futuramente, o que não demorará muito a acontecer, pois as cabrucas mais novas na região sul baiana foram abertas há mais de 15 anos, sendo que muitas das mais antigas datam do início do século passado ou do anterior (Sambuichi et al., 2008).

1.1 Agriculture
Severidade high
Detalhes Algumas espécies são eliminadas no cultivo de cabruca, por serem consideradas indesejáveis, como as de madeira de baixo valor e as que apresentam alelopatia, como Acanthosyris paulo-alvinii, por exemplo, espécie endêmica, conhecida como mata-cacau (Sambuichi, 2003).

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Aespécie consta no Anexo I da Instrução Normativa nº 6, de 23 de Setembro de2008 (MMA, 2008) sendo considerada oficialmente ameaçada de extinção. Foiconsiderada "Vulnerável" (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida pelaFundação Biodiversitas (Biodiversitas, 2005).

Referências

- CAIRES, C.S.; DETTKE, G.A. Acanthosyris paulo-alvinii in Acanthosyris (Santalaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB102914>.

- SAMBUICHI, R.H.R. Ecologia da vegetação arbórea de cabruca - Mata Atlântica raleada utilizada para cultivo de cacau - na região sul da Bahia. Doutorado. : Universidade de Brasília, 2003.

- SAMBUICHI, R.H.R.; OLIVEIRA, R.M.; NETO, E.M. ET AL. Status de conservação de dez árvores endêmicas da Floresta Atlântica do sul da Bahia - Brasil., Natureza e Conservação, p.90-108, 2008.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da lista da flora brasileira ameaçada de extinção. Belo Horizonte, MG: FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 2005.

Como citar

CNCFlora. Acanthosyris paulo-alvinii in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Acanthosyris paulo-alvinii>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 13/08/2012 - 15:05:44